segunda-feira, julho 31, 2006

A Co-Inciniração

Aqui está um assunto do qual se fala muito, mas muitos não sabemos bem o que é! Apresento assim um esclarecimento em forma de opinião...
A CO-INCINERAÇÃO

No início de Março, o Ministro do Ambiente apresentou no Porto a solução para uma percentagem de resíduos industriais perigosos – a co-incineração -, tendo sido escolhidas as cimenteiras de Souselas e Outão, esta última em pleno Parque Natural da Arrábida.
Condenada pelo governo de Durão Barroso, que também por isso ganhou as eleições, a co-incineração tinha sido uma proposta do ministro do Ambiente do Governo de António Guterres, José Sócrates, o actual primeiro-ministro.

Com Santana Lopes no poder, o ministro do Ambiente Nobre Guedes, apresentou como solução para os resíduos industriais perigosos os CIRVER – Centros Integrados de Recuperação, Valorização e Eliminação de Resíduos – a construir na Chamusca, concelho próximo de Tomar.
Agora, o Ministro do Ambiente Nunes Correia recuperou o que vários ambientalistas e até dirigentes políticos chamaram uma “teimosia e uma obsessão” de José Sócrates, e pretende integrar a co-incineração com os CIRVER, mas a co-incineração começará a funcionar primeiro, uma vez que (previsivelmente) os CIRVER só estarão prontos na Primavera de 2007.

O Partido Ecologista Os Verdes e o Bloco de Esquerda já reagiram, pedindo uma reunião de urgência no Parlamento para se discutirem os perigos da co-incineração, a qual irá decorrer no dia 11 de Abril.
Basicamente, a co-incineração é a queima de resíduos (industriais banais ou perigosos, sendo exemplos de perigosos tintas, embalagens contaminadas com tintas, óleos usados) em fábricas concebidas para outras funções, nomeadamente as cimenteiras, que substituem parte do combustível utilizado no fabrico de cimento pelos resíduos queimados a altas temperaturas depois de tratados, ficando as cinzas e metais incorporados no cimento (e, portanto, inertizados).
Para isso, houve um investimento elevado em filtros de mangas e outros equipamentos, que retêm estas partículas, assegurando que os valores-limite estabelecidos na legislação são cumpridos.

Parece-nos que o processo de co-incineração foi mal conduzido de início, levando a que as populações estejam bastante apreensivas, recusando-a liminarmente, apesar de não conhecerem.

Depois, as próprias cimenteiras têm passados obscuros e são responsáveis por uma maior incidência de problemas respiratórios nos locais onde existem, como se queixam os habitantes de Alhandra e de Souselas.
É também de realçar que há alguns resíduos perigosos que podem ser reutilizados/regenerados e não apenas co-incinerados, e que é importante que os CIRVER estejam operacionais o mais rapidamente possível para funcionarem como centrais de triagem, de recuperação e de tratamento.

A co-incineração constitui apenas uma última opção quando não há mais nenhum tratamento possível e se se quer um país responsável pelos seus próprios resíduos, os quais não podem ficar eternamente armazenados e também não devem vir a ser tratados noutros países.

"A exportação de resíduos, 95 % dos quais perigosos, custou 13 milhões de euros a Portugal em 2004», revela o DE, acrescentando que "Portugal exporta actualmente cerca de 50 por cento da sua produção anual de RIP e que Espanha é o principal destino destas exportações nacionais".

São os custos do progresso da Humanidade!

João Henriques Simões